Na 5ª rodada do ciclo “Conexões SICOM – A transformação começa aqui”, realizada nesta terça-feira, 22 de julho, profissionais de comunicação que compõem o Sistema de Comunicação do Governo Federal (SICOM) se reuniram para debater o tema “Comunicação para a Igualdade Racial e Direitos Humanos”.

A iniciativa, promovida pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SECOM/PR), tem como objetivo promover formação continuada e incentivar a troca de experiências entre as equipes de comunicação dos ministérios e de outros órgãos do Executivo Federal.

O encontro teve a presença das ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e da Cidadania), acompanhadas de representantes das assessorias de comunicação de ambas as pastas, além da consultora da SECOM/PR, Midiã Noelle. Durante o bate-papo, as convidadas compartilharam reflexões sobre a importância de promover uma comunicação pública comprometida com os direitos humanos e com a equidade racial.

A ministra Anielle Franco destacou a urgência de fortalecer a comunicação antirracista no âmbito do Governo Federal, reconhecendo que essa transformação começa dentro da própria administração pública. “Muitas vezes, quando uma pessoa branca se expressa, o jornalista negro precisa falar duas ou três vezes para ser ouvido. Eu sempre digo que a luta contra o racismo não pode ser só do Ministério da Igualdade Racial. É de todos os ministérios, assim como a gente tem jornalistas que são antirracistas, que entendem a importância dessa criação, desse conteúdo, dessa construção, que é coletiva”, declarou Anielle.

Já a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, fez uma apresentação sobre o papel da comunicação e da política pública na promoção dos direitos humanos e no enfrentamento do racismo estrutural. “Quando a gente está lutando por direitos humanos, a gente está lutando aqui, no campo da política pública”, disse Macaé. “Nós estamos sendo mais uma vez chamadas a imaginar outro mundo possível. E a nossa doação do lugar onde a gente está é determinante, porque as grandes revoluções acabam sendo construídas no dia a dia, por pequenas ações cotidianas que nós vamos fazendo, cada um do lugar onde está e do lugar onde ele pode atuar”, afirmou a ministra.

PLANO DE COMUNICAÇÃO – Juliana Romão, chefe da Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Igualdade Racial (MIR), apresentou o Plano de Comunicação pela Igualdade Racial na Administração Pública (PCIR). A iniciativa foi construída de forma coletiva, por um grupo de trabalho interministerial, passou por consulta pública, escuta de lideranças negras. O objetivo é transformar a comunicação pública em uma ferramenta ativa de combate ao racismo e promoção da igualdade racial.

“Toda comunicação é política, é posicionada e a língua não é racista, não é sexista, não é misógina, não é preconceituosa. A mesma língua que exclui, pode incluir, pode democratizar. Então, a gente constrói coletivamente esse Plano de Comunicação, a primeira política do Governo Federal para pensar a comunicação e a igualdade racial no campo da administração pública”, disse Juliana.

INÉDITO – O plano é uma iniciativa inédita no Executivo Federal, alinhado às estratégias de consolidação da agenda da Política de Promoção da Igualdade Racial. Ele marca o compromisso com a agenda democrática do Brasil, promove a igualdade racial e a garantia do direito a uma comunicação plural, inclusiva e diversa.

COMUNICAÇÃO ANTIRRACISTA – Consultora na SECOM/PR, Midiã Noelle compartilhou reflexões sobre como praticar uma comunicação antirracista no serviço público. Ela destacou a importância de incluir a diversidade racial, étnica e regional na definição das pautas; evitar conteúdos que reforcem a criminalização da pobreza, das periferias e dos territórios tradicionais; empregar linguagem inclusiva; e valorizar o uso de imagens que representem positivamente mulheres e homens negros, indígenas e pessoas racializadas.

Para ela, “o racismo se molda também a partir dos públicos que ele atinge, porque a população negra brasileira não é uma só. A população negra do Norte é diferente da população negra do Sul, das comunidades quilombolas, comunidades ribeirinhas e territórios urbanos. Então, é muito importante falar sobre diversidade, sobre banco de imagens”.

DIREITOS HUMANOS — Márcia Maria Cruz, chefe da Assessoria Especial de Comunicação Social do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), destacou a dimensão histórica e transversal dos direitos humanos na esfera das políticas públicas. A assessora afirmou que os direitos humanos devem estar presentes em todas as áreas do Governo Federal. “Quando a gente está falando de direitos humanos, estamos falando de todas as pastas do Governo Federal porque os direitos humanos são transversais. Temos que ter essa visão dos direitos humanos a partir de todas as áreas de atuação do governo. O direito à saúde, à educação, à cultura, à justiça, é um direito humano”, disse Márcia.

LETRAMENTO RACIAL – Fernanda de Lima, jornalista na Advocacia-Geral da União (AGU), assistiu à palestra desta terça-feira e afirmou que o tema trazido pelo Conexões SICOM foi fundamental para ampliar o letramento racial. Ela destacou que os aprendizados não se limitam ao ambiente profissional. “Hoje foi muito importante pra gente entender como escrever, como relatar as nossas notícias, como trazer essas informações antirracistas para o nosso conteúdo do dia a dia. E não só no trabalho, mas também na vida pessoal, que tem muitos paradigmas, e que a gente quebrou hoje aqui”, disse.

Para o estagiário de comunicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Eli Junior, as falas apresentadas durante o evento foram marcantes por tratarem de inclusão, respeito e representatividade. “Hoje, conseguimos enxergar pessoas que, antigamente, eram invisibilisadas. Isso é um incentivo enorme, principalmente para mim, que, apesar de ser classificado como pardo, me reconheço como negro. É de suma importância”, destacou.

COMUNICAÇÃO INTEGRADA – As edições anteriores do ciclo de palestras abordaram temas relevantes para a melhoria da comunicação. A primeira rodada contou com a participação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que apresentou o trabalho de comunicação integrada em plataformas sociais, telejornalismo e jornalismo público. A segunda teve como foco a linguagem simples, em que o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) compartilhou boas práticas. Na terceira edição, o tema foi planejamento, redes sociais e pesquisa de opinião pública, destacando a importância dessas ferramentas para uma comunicação mais estratégica e eficaz. Já a quarta rodada teve como tema o combate à desinformação, com iniciativas apresentadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pelo Ministério da Saúde no enfrentamento das fake news. Os encontros são realizados quinzenalmente pela SECOM/PR.

Foto: Vitor Vasconcelos/Secom-PR

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